segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mudança

A MUDANÇA DE PARADIGMA
O QUE SÃO OS PARADIGMAS?
Os seres humanos, no geral, seguem certas regras que tipificam suas maneiras de pensar e de agir. Permanecem por muitos anos com os mesmos sistemas de vida, com as mesmas formas de verem os fatos e não percebem que o conjunto de normas próprias é que dirigem seus atos e que impedem, muitas vezes, de assimilarem idéias novas. Para eles, esse conjunto de princípios é a pura expressão da verdade, muitos dos quais estão localizados em seu próprio inconsciente.
Na visão espírita, um grande número de paradigmas foi adquirido nas reencarnações anteriores e se encontram cristalizados no psiquismo de profundidade ou inconsciente. Quando o indivíduo chega a esta encarnação já traz, portanto, uma série de conceitos a respeito de valores intelectuais e morais da vida. Assim, uns agirão de certa forma diante de uma situação ética, enquanto que outros terão atitude antagônica para a mesma situação, embora nascidos e educados pelos mesmos pais. É comum vermos pessoas tão diferentes nos seus pontos de vista, apesar de serem irmãos. Acontece que cada um carrega consigo uma gama de experiências próprias, reunidas nas várias etapas palingenésicas de seu espírito. Trazem componentes atávicos próprios e diferentes: são os paradigmas enraizados que norteiam sua conduta perante a vida.
A palavra paradigma é conceituada normalmente como um conjunto de regras e regulamentos, sendo associada ao vocábulo padrão. Assim que é comum ouvirmos as expressões padrão de moral, padrão de conduta ou protótipo de ser humano. Apesar de a palavra paradigma apresentar um espectro mais amplo do que padrão, comumente a empregamos sob essa ótica, a qual se popularizou.
THOMAS KUHN E OS PARADIGMAS
Thomas Kuhn realizou um estudo a respeito dos paradigmas e os relacionou com as descobertas tecnológicas e com as atitudes dos cientistas ante as inovações do dia-a-dia. Depois das observações constatadas, ele concluiu que os paradigmas:
· Agem como filtros a idéias novas;
· Não reconhecem as exceções à regra;
· Dão acesso fácil aos dados já conhecidos;
· Quando eles mudam, tudo volta a zero.
Dentre os vários exemplos referidos por Kuhn, citaremos o caso dos relógios a quartzo. Quando esse tipo de relógio foi apresentado aos fabricantes suíços, eles o rejeitaram de pronto, visto que não possuíam rubi, esferas, molas e demais componentes dos relógios tradicionais. Seus inventores, que eram de nacionalidade suíça, apresentaram esse novo protótipo ao pessoal da Seiko, do Japão. Logo, logo, o mundo começou a conhecer um novo paradigma em termos de relógio e os japoneses passaram à frente da Suíça no mercado mundial de relógios.
EFEITO PARADIGMA
Joel Baker, trabalhando em cima desse tema, observou as conseqüências surgidas pelo apego às idéias e as dificuldades que isso produz na vida das pessoas. Ele batizou esse fenômeno de efeito paradigma. Citaremos a seguir algumas observações de Baker:
· Os paradigmas são comuns: nós os temos em quase todos os aspectos da vida profissional, pessoal, espiritual e social.
· O paradigma é um aviso: ele poderá se tornar uma doença fatal de certeza, impedindo assim a conquista de novos conceitos, como foi o caso dos relógios.
· Você pode decidir mudar suas regras e seus regulamentos: os seres humanos têm a capacidade para jogar fora um paradigma e adotar um novo. O desafio é fazer com que isso aconteça.
Arremata Baker: “Aqueles que dizem que não dá para fazer, devem sair do caminho daqueles que estão fazendo”. Isso é um fato. O progresso foi sempre realizado pela ousadia daqueles que acreditaram que era possível fazer. Encheram-se de coragem e caminharam na direção do futuro. Os temerosos agarram-se aos paradigmas conhecidos, evitando o novo e, com isso, retardam seu próprio crescimento. Imaginem se Jesus tivesse ficado preso aos paradigmas de sua época...
MUDANÇAS DE PARADIGMAS
Trazendo o exposto para as nossas vidas, veremos que, de uma maneira geral, somos um subproduto de nossos paradigmas e que se ainda não somos felizes, é porque alguns elementos precisam ser modificados. Esse é um dos pontos básicos de nosso estudo: realizar essas modificações.
Em permanecendo obstinadamente no erro, repetindo e repetindo ações infelizes, estaremos petrificando o sofrimento em nossas almas. Somos pessoas que vivem altamente condicionadas a determinados hábitos que geram preocupações, ansiedades, desejos e mais desejos e, como isso, surgem a tristeza e as dores humanas. Estamos mais voltados para os paradigmas que geram sofrimento do que para aqueles que geram felicidade. Aí se encontra o cerne da questão: modificar, substituir esses paradigmas negativos pelos que contribuem para a plenificação humana.
Estamos portanto, falando de mudança, de reorganização mental e de projetos de felicidade. Se ainda não a obtivermos, repetimos, é porque nossos atavismos falam mais alto em nosso interior, nos condicionando a proceder sempre sob o prisma de sofrimento. Vemos tudo, analisamos todos os fatos e agimos sempre sob as lentes do pessimismo, e isso produzirá efeitos destruidores no campo espiritual. O grande vôo para o desenvolvimento da espiritualidade passa, obrigatoriamente, pela mudança dessa forma distorcida de vermos a sociedade e a nós próprios.
Como estamos realizando uma viagem de aperfeiçoamento na Terra, é natural que tenhamos de efetuar algumas correções de rumo. Isso faz parte do processo educativo do espírito. Essas correções significam abandonar a roupagem velha do homem sofrido pela impertinência, magoado pelo orgulho ou alquebrado pelo ressentimento e vestir a roupa nova da tolerância, da humildade, do perdão. Enfim, jogar fora as impurezas imprestáveis e ficar com a veste nupcial e pura das virtudes humanas. Somente elas purificam o campo da consciência e trazem a suprema felicidade.
Trazendo, portanto, os pontos de vista de Kuhn para o nosso estudo, poderemos constatar que as idéias virtuosas não são plenamente acolhidas em nosso psiquismo. Elas sofrem a filtragem dos paradigmas aí estabelecidos, gerando algumas reações contrárias, visto que são exceções às regras de nossa conduta. As idéias menos virtuosas são mais facilmente assimiláveis por serem elementos já conhecidos do nosso psiquismo. O interessante do estudo de Kuhn é apontar também que, ao mudarmos de paradigmas, tudo volta a zero, ou seja, recomeçamos novamente já com outro degrau de compreensão a respeito da nova idéia.
Significa dizer que ao substituirmos as ações menos dignas por outras mais dignas, estaremos vivenciando situações novas, repletas de uma alegria interior ainda não experimentada. O desafio, portanto, de nossas vidas é mudar algumas regras e regulamentos, e os seres humanos têm essa capacidade, como dizia Baker. Podemos jogar fora um paradigma sem expressão e adotar um novo que nos faça mais feliz.
(Livro: Educação dos Sentimentos – Jason de Camargo – Ed. Letras de Luz)- FERGS

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